segunda-feira, 16 de julho de 2012

Crise de integridade




Para especialistas, o descrédito da liderança evangélica perante a sociedade se deve em grande parte a deslizes éticos e morais cometidos pela própria Igreja.

Se é verdade que todo o ser humano vive em crise de integridade desde o pecado original, também é fato que este mal nunca assolou tanto os líderes evangélicos, frequentemente envolvidos em escândalos muito diferentes do “escândalo do Evangelho” citado pelo apóstolo Paulo. Coincidência ou não, recente pesquisa do Ibope revelou que o número de pessoas que não confiam nas igrejas evangélicas subiu de 41% para 44%, e o contingente de pessoas que confiam nelas caiu para 52 por cento. Segundo o instituto de pesquisas, isso fez com que as igrejas evangélicas despencassem da 8ª colocação para a 11ª posição entre as instituições mais confiáveis, atrás de instituições como a TV, empresas privadas e até dos produtores de soja. 

Para o historiador Ziel Machado, secretário da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (CIEE), não há dúvida: a crise de integridade das lideranças religiosas é a principal responsável por essa queda na credibilidade das instituições evangélicas. Para ele, há outros termômetros tão precisos quanto às pesquisas para aferir isso. “Basta uma simples observada nas livrarias cristãs. Nunca se viu um volume tão grande de obras abordando essa temática da crise de integridade entre os pastores”, diz. O escritor Jaime Kemp, mestre em teologia e doutor em ministério familiar, é autor de duas dessas obras. Ele lançou, há algum tempo, os livros Pastores em perigo e sua continuação, Pastores ainda em perigo (Editora Hagnos), nos quais aborda o problema. “A Igreja Evangélica tem padecido com a escassez de integridade em sua liderança, seja em nível moral ou na vertiginosa e constante quebra dos relacionamentos familiares”, constata.

Kemp, que é referência no segmento evangélico brasileiro quando o assunto é família, identifica nessa crise um dos principais motivos do descrédito social em relação aos crentes, sobretudo em relação à sociedade em geral. “Essa triste realidade tem abalado a nossa credibilidade não somente nas igrejas, mas também em um mundo crítico e observador, que não perde as oportunidades, já volumosas, para tripudiar a Igreja de Cristo”, lamenta. 

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